O setor de energia elétrica no Brasil enfrenta desafios e perspectivas de crescimento nos próximos anos, de acordo com o Plano Decenal 2032 da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE).

Com projeções de aumento no consumo, especialmente no comércio e nas residências, é necessário diversificar a matriz energética para manutenção da segurança de suprimento, investir em reforço na transmissão e explorar novos projetos de fontes renováveis, como eólica e solar, por exemplo. Além disso, a promissora demanda internacional por hidrogênio verde, que pode abrir oportunidades de exportação para o país, também deve impactar na necessidade do planejamento da matriz elétrica .

Entenda a seguir as tendências e desafios do setor, bem como as medidas necessárias para garantir um suprimento energético sustentável, seguro e eficiente.

Crescimento do consumo de energia elétrica

Segundo o Plano Decenal 2032, o consumo de energia elétrica no Brasil deve crescer anualmente, com previsões de aumento de 3,4% entre 2022 e 2032. O comércio lidera a expansão, seguido pelas residências e pela indústria.

O dinamismo da economia na segunda metade da década impulsionará o consumo médio por unidade consumidora, chegando a 197 kWh/mês ao final do período decenal, um aumento de cerca de 20% em relação a 2022.

Diversificação da matriz energética e investimentos em transmissão

Para atender ao crescimento do consumo, é essencial diversificar a matriz de energia elétrica.

Atualmente, as hidrelétricas respondem por 63% da energia gerada no país, mas fontes eólicas e solares têm ganhado espaço, representando mais de 20%. A expansão nos próximos dez anos será impulsionada pela energia solar descentralizada, com estimativas de capacidade instalada de geração distribuída (GD) solar chegando a 33 GW até 2031, segundo a EPE.

A regulação de empreendimentos em alto-mar, como as eólicas offshore, também é discutida, abrindo caminho também para projetos de hidrogênio verde.

Desafios e oportunidades no setor

A complexidade operacional aumenta à medida que a matriz energética se diversifica. A água acumulada em reservatórios de hidrelétricas pode funcionar como uma "bateria" do sistema. No entanto, uma das principais questões é a precificação mais adequada deste  atributo, de modo a compreender melhor a nova realidade climática do país.

Além disso, a demanda internacional por hidrogênio verde oferece oportunidades para o Brasil se tornar um exportador dessa tecnologia baseada em fontes renováveis. No entanto, é necessário um planejamento mais amplo para atender a essas demandas e aproveitar essas oportunidades.

Investimentos e perspectivas futuras

O setor de energia renovável, em particular a energia solar, tem despertado interesse de investidores. Financiamentos via Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) têm liderado as intenções de projetos, mas espera-se que uma portaria do governo autorize o financiamento de projetos por meio de debêntures de infraestrutura, atraindo ainda mais investimentos.

Além disso, a regulação das eólicas offshore poderá impulsionar investimentos em hidrogênio verde, com potencial estimado em 700 GW. Atualmente, mais de 150 GW de projetos estão em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), aguardando a aprovação de um projeto de lei que autorize a exploração desses empreendimentos em alto-mar, em áreas pertencentes à União. A segurança jurídica proporcionada pela aprovação dessa lei é fundamental para atrair investimentos significativos nesse segmento.

Fonte: Valor Econômico

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