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23 de junho, 2025
LEITURA DE 3MIN
Tarifa de Energia no Mercado Regulado Sobe 45% Acima da Inflação em 15 Anos, Aponta Estudo
Um estudo recente da Abraceel revela uma disparidade preocupante na evolução dos custos de energia elétrica no Brasil, com um impacto direto sobre a inflação e o orçamento da vasta maioria dos consumidores.
Entre 2010 e 2024, a tarifa de energia no mercado regulado acumulou uma alta de 177%, um valor 45% superior à inflação oficial (IPCA) do mesmo período, que foi de 122%.
Essa diferença acende um alerta sobre a eficiência do modelo atual e o peso que a conta de luz representa para a economia do país, enquanto aponta para o desempenho do mercado livre como uma alternativa mais vantajosa.
A Grande Diferença: Mercado Regulado vs. Mercado Livre
A análise comparativa dos dois ambientes de contratação de energia expõe o tamanho da discrepância.
- No Mercado Regulado: A tarifa média saltou de R$ 112/MWh em 2010 para R$ 310/MWh em 2024, registrando a alta de 177%.
- No Mercado Livre: No mesmo período, o preço da energia para os consumidores que podem escolher seu fornecedor subiu apenas 44% (de R$ 102/MWh para R$ 147/MWh). Essa variação foi 64% inferior à inflação, demonstrando que, nesse ambiente, a energia se tornou comparativamente mais barata.
Analisando um período ainda mais longo, desde 2003, a diferença é ainda mais gritante: a tarifa residencial subiu 269%, contra 218% do IPCA e apenas 90% de aumento no mercado livre.
Por Que a Conta de Luz Pesa Tanto no Ambiente Regulado?
Segundo a Abraceel, diversos fatores estruturais explicam por que os consumidores cativos arcam com um custo muito maior. Os principais são:
- Indexação de Contratos: Contratos de longo prazo no ambiente regulado são frequentemente indexados à inflação, criando um ciclo de reajustes.
- Contratação Compulsória: O modelo obriga a compra de energia de fontes específicas ou projetos definidos por decisões políticas, que nem sempre são os mais baratos.
- Alocação de Riscos: Riscos como o hidrológico (falta de chuvas) são socializados e repassados diretamente para a tarifa dos consumidores regulados.
- Custos Extras: Embutem-se nas tarifas custos que não estão diretamente ligados à geração, como no caso de Itaipu, cujas tarifas incluem gastos socioambientais e governamentais.
O Mercado Livre como Vetor de Eficiência
O estudo reforça o argumento de que a competição e a liberdade de negociação no mercado livre resultam em preços mais eficientes e vantajosos. Ao permitir que os consumidores negociem diretamente com geradores e comercializadores, o modelo incentiva a busca por menores custos e melhores condições contratuais.
Esta constatação serve de base para as discussões atuais sobre a modernização do setor elétrico, que visam expandir o direito de escolha a todos os consumidores como uma forma de aliviar a pressão tarifária em toda a economia.
Implicações Estratégicas para a Economia
A persistente alta da energia elétrica acima da inflação tem um impacto macroeconômico relevante, corroendo o poder de compra das famílias e pressionando os custos da indústria e do comércio. O estudo da Abraceel sugere que a expansão da liberdade de escolha no setor não é apenas uma questão de direito do consumidor, mas uma ferramenta estratégica para o controle inflacionário e para o aumento da competitividade do país.
Acompanhe nosso blog para entender as discussões e as tendências que estão redesenhando o setor de energia e o impacto delas na sua fatura.
Fonte: Estadão
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