Entre 2010 e 2024, a tarifa de energia no mercado regulado acumulou uma alta de 177%, um valor 45% superior à inflação oficial (IPCA) do mesmo período, que foi de 122%.

Essa diferença acende um alerta sobre a eficiência do modelo atual e o peso que a conta de luz representa para a economia do país, enquanto aponta para o desempenho do mercado livre como uma alternativa mais vantajosa.

A Grande Diferença: Mercado Regulado vs. Mercado Livre

A análise comparativa dos dois ambientes de contratação de energia expõe o tamanho da discrepância.

  • No Mercado Regulado: A tarifa média saltou de R$ 112/MWh em 2010 para R$ 310/MWh em 2024, registrando a alta de 177%.
  • No Mercado Livre: No mesmo período, o preço da energia para os consumidores que podem escolher seu fornecedor subiu apenas 44% (de R$ 102/MWh para R$ 147/MWh). Essa variação foi 64% inferior à inflação, demonstrando que, nesse ambiente, a energia se tornou comparativamente mais barata.

Analisando um período ainda mais longo, desde 2003, a diferença é ainda mais gritante: a tarifa residencial subiu 269%, contra 218% do IPCA e apenas 90% de aumento no mercado livre.

Por Que a Conta de Luz Pesa Tanto no Ambiente Regulado?

Segundo a Abraceel, diversos fatores estruturais explicam por que os consumidores cativos arcam com um custo muito maior. Os principais são:

  • Indexação de Contratos: Contratos de longo prazo no ambiente regulado são frequentemente indexados à inflação, criando um ciclo de reajustes.
  • Contratação Compulsória: O modelo obriga a compra de energia de fontes específicas ou projetos definidos por decisões políticas, que nem sempre são os mais baratos.
  • Alocação de Riscos: Riscos como o hidrológico (falta de chuvas) são socializados e repassados diretamente para a tarifa dos consumidores regulados.
  • Custos Extras: Embutem-se nas tarifas custos que não estão diretamente ligados à geração, como no caso de Itaipu, cujas tarifas incluem gastos socioambientais e governamentais.

O Mercado Livre como Vetor de Eficiência

O estudo reforça o argumento de que a competição e a liberdade de negociação no mercado livre resultam em preços mais eficientes e vantajosos. Ao permitir que os consumidores negociem diretamente com geradores e comercializadores, o modelo incentiva a busca por menores custos e melhores condições contratuais.

Esta constatação serve de base para as discussões atuais sobre a modernização do setor elétrico, que visam expandir o direito de escolha a todos os consumidores como uma forma de aliviar a pressão tarifária em toda a economia.

Implicações Estratégicas para a Economia

A persistente alta da energia elétrica acima da inflação tem um impacto macroeconômico relevante, corroendo o poder de compra das famílias e pressionando os custos da indústria e do comércio. O estudo da Abraceel sugere que a expansão da liberdade de escolha no setor não é apenas uma questão de direito do consumidor, mas uma ferramenta estratégica para o controle inflacionário e para o aumento da competitividade do país.

Acompanhe nosso blog para entender as discussões e as tendências que estão redesenhando o setor de energia e o impacto delas na sua fatura.


Fonte: Estadão Leia Também:  Novo Modelo Elétrico: Por Que os Pequenos Consumidores Serão os Maiores Beneficiados, Segundo a Volt Robotics