Presente durante a Conferência das Nações Unidas Sobre as Mudanças Climáticas de 2022 (COP27), o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, apontou que a segurança no suprimento de energia é uma vantagem competitiva do Brasil, em relação a outros países que a partir deste ano passaram a buscar redução da dependência de insumos de outras nações.

A Europa, por exemplo, possui necessidade do gás natural para suprir suas necessidades, grande parte oriunda da Rússia. Já o Brasil possui uma vasta oferta de recursos naturais e energéticos que coloca o país à frente e abre espaço para uma colaboração mais ampla no debate.

Para Ciocchi, falar em transição sem estar atrelada à segurança no fornecimento não faz sentido visto que “as sociedades querem energia mais limpa, mais verde e mais segura”.

Essa é a primeira vez que o ONS participa de uma Conferência do Clima da ONU e o objetivo do diretor é entender o que as sociedades no mundo desejam e o que pensam a respeito de descarbonização e transição energética.

Esse diálogo é importante pois o ONS, assim como a maioria  dos operadores de sistemas elétricos no mundo,  foi forjado no modelo de comando e controle, em que o foco é ligar e desligar máquinas; “abrir ou fechar” a passagem de energia pelas linhas de transmissão.

Porém, com a entrada das fontes renováveis, o quadro muda e a operação passa a depender da ocorrência do sol e do vento, fatores que fogem ao controle do operador.

“A gente não pode ligar o sol nem o vento e temos que trabalhar com isso. Este é o nosso grande desafio e nós estamos nos capacitando cada vez mais”

afirmou Ciocchi

O desafio da operação das renováveis se soma ao maior uso de térmicas a gás natural, cujo combustível é tido por parte da comunidade energética como um dos principais elementos da transição energética, além de ser visto como saída para suportar a geração renovável.

Assim, o país poderia avançar na discussão sobre como a energia nuclear deveria se encaixar na matriz energética e na operação do sistema, bem como na necessidade de retomada de construção de hidrelétricas com reservatórios.

Para Ciocchi, a situação energética do Brasil encontra-se muito tranquila neste início de período úmido, “muito mais confortável do que se verificava em igual momento em 2021”.

As chuvas estão com intensidade abaixo da média histórica, porém ainda assim num volume muito bom. Além das chuvas, o que favoreceu o alto armazenamento das hidrelétricas foi um trabalho intenso de gestão de reservatórios realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e o ONS, com preservação das águas nas cabeceiras dos rios.

“Mesmo o pior cenário na estação chuvosa será melhor do que tivemos no ano passado”, disse Ciocchi.

Fonte: Valor Econômico

Continue acompanhando o blog e fique por dentro das novidades do mercado elétrico!

Leia também: Itaipu apresenta ações em energia, água e clima na Conferência Mundial do Clima