O setor elétrico brasileiro fechou setembro com um dado preocupante: os cortes de geração de energia, quando a produção disponível precisa ser reduzida por falta de demanda para absorvê-la, cresceram cerca de 14 %, alcançando um novo recorde histórico.

Esse aumento não é um ponto isolado, mas um sintoma de que o sistema elétrico está entrando em uma zona de instabilidade. A geração distribuída (GD), sobretudo a solar fotovoltaica, tem impulsionado essa distorção ao injetar energia em horários de baixa demanda, provocando sobrecarga no sistema. O resultado é que, enquanto consumidores acreditam estar contribuindo para a modernização da matriz, na prática, essa expansão desordenada tem forçado o Operador Nacional do Sistema (ONS) a cortar energia que poderia estar sendo utilizada de forma mais eficiente.

Mais cortes significam não apenas desperdício, mas também perda de confiabilidade no SIN (Sistema Interligado Nacional). A situação expõe que a promessa de uma matriz limpa e descentralizada pela GD pode, na verdade, estar fragilizando o equilíbrio do setor.

O plano do ONS: contenção, não solução

Diante desse cenário, o ONS anunciou, segundo a MegaWhat, que prepara medidas emergenciais para lidar com o problema. O alvo é principalmente a GD tipo III, que inclui pequenas centrais hidrelétricas, biomassa e outras fontes despacháveis. 

O discurso oficial fala em modulação da geração, em vez de cortes abruptos. Em teoria, usinas seriam chamadas a reduzir a produção quando há excesso de oferta e aumentar em horários críticos, como no pico noturno. Mas a proposta não passa de uma forma mais sofisticada de corte, um racionamento disfarçado que transfere aos geradores o ônus de equilibrar um sistema já desorganizado.

O plano deve entrar em operação em 2026, mas até lá os problemas devem se intensificar, já que a expansão da GD segue em ritmo acelerado. Somente em 2025, a capacidade cresceu 6,4 GW, levando o acumulado nacional a 43,3 GW. 

A face oculta da GD: riscos à segurança energética

Apesar do marketing positivo em torno da GD, a realidade é que o crescimento desordenado tem se tornado um fator de risco.

1. Desafios regulatórios insolúveis no curto prazo: a remuneração de quem modula sua geração e os mecanismos de fiscalização ainda são incertos. Sem regras claras, a instabilidade tende a aumentar.

2. MMGD fora de controle:a micro e minigeração distribuída, instalada diretamente em telhados e pequenas áreas, cresce sem supervisão direta do ONS. Isso significa que milhares de pontos injetam energia no sistema sem coordenação, comprometendo a previsibilidade da operação.

3. Falsa ilusão de eficiência: ao contrário da expectativa de aliviar o sistema, a GD tem criado sobrecarga em determinados períodos e deslocado a necessidade de investimentos para soluções caras, como baterias e linhas de transmissão adicionais.

4. Armazenamento como promessa distante: a solução com baterias é citada como alternativa, mas envolve custos altíssimos e sem modelo de remuneração claro, o que torna sua adoção massiva improvável no curto prazo.

Conclusão: um futuro de incerteza

A GD já não pode ser vista apenas como símbolo de inovação ou sustentabilidade. O recorde de cortes em setembro e o plano emergencial do ONS revelam que a expansão desenfreada está minando a segurança e a eficiência do setor elétrico.

Em vez de entregar previsibilidade e estabilidade, a GD adiciona volatilidade, exige soluções emergenciais e transfere custos ocultos para todo o sistema. Se nada mudar, a tendência é que cortes se tornem rotina, a confiabilidade seja comprometida e os consumidores, no fim das contas, paguem a conta de um modelo que se vende como solução, mas que hoje se mostra parte do problema.

Migrar para o MLE é uma forma segura de reduzir custos, escolher fornecedores confiáveis e ter controle sobre o consumo, sem depender de flutuações e riscos operacionais do sistema.

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